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terça-feira, 14 de junho de 2016

CONSTRUÇÕES MAIS EFICIENTES:

Ajudam a salvar o futuro da energia!

Em breve o mundo será 75% urbano, e é necessário tornar prédios sustentáveis, consumindo menos energia e até gerando eletricidade:


(Sardaka/Creative Commons)
One Central Park, em Sidney, reúne tecnologias e características arquitetônicas que economizam energia.

Inaugurado em 1931, o Empire State Building mantém inalterado o título demarco da engenharia. As luzes que cintilam, a destacá-lo na noite de Nova York, é que já não são as mesmas: são de LED. O arranha-céu há muito deixou de ser o mais alto do mundo, mas, graças a reformas iniciadas em 2010, é o mais sustentável entre os gigantes.

A transformação reduziu em 40% o consumo energético do Empire State. Foram adicionados protetores solares às 6.500 janelas, isolamento térmico na face externa dos aquecedores (protegendo-os do inverno gelado) e motores mais eficientes em seus 68 elevadores, além de novos medidores e um sistema online de gerenciamento de energia. É o mais alto prédio a ostentar o certificado de Liderança em Energia e Design Ambiental (LEED), e fez da renovação sustentável um atrativo a mais para os turistas que enfrentam filas em busca da vista magnífica de seu 102º andar.
O caso do prédio nova-iorquino, símbolo da modernização das metrópoles no século 20, pode ter ares de ineditismo, mas reflete uma necessidade crescente nos centros urbanos.
-- Quem vive nas cidades exige mais conforto, tem mais atividades, então consome mais energia -- sintetiza a professora da graduação em Arquitetura e Urbanismo da Unisinos, Nívea Maria Oppermann Peixoto. -- A questão da sustentabilidade está muito presente no dia a dia das cidades, e o grande objetivo é a redução das emissões. O planeta vive um momento muito crítico. Um dos caminhos para lidar com esse desafio é buscar eficiência energética nas habitações -- explica Nívea.
A vida nas cidades consome a maior parte da energia produzida no mundo. Daqui a 14 anos, quase dois terços da população mundial viverão em cidades. Resultado: a demanda energética deve crescer 33%, levando junto as emissões de gases. A boa notícia é que é possível tornar as cidades mais eficientes e transformar o futuro do planeta. Políticas de eficiência de construções podem reduzir em 25% a 50% a demanda energética. Edifícios têm de passar de parte do problema a parte da solução, e por isso a eficiência energética tornou-se uma dimensão cada vez mais importantes em projetos arquitetônicos a de engenharia.
O ganho é ambiental, mas também econômico. Segundo o WRI Cidades Sustentáveis, organização de pesquisa parceira da ONU em iniciativas ligadas a desenvolvimento urbano e sustentabilidade, para cada 1 dólar investido em eficiência energética, 2 dólares são economizados em novos custos de geração e distribuição de energia elétrica.

No caminho da eficiência:

Prédios eficientes reduzem a necessidade de climatização, iluminação artificial e aquecimento de água -- sem falar no potencial de geração localizada de eletricidade com aerogeradores urbanos e as cada vez mais baratas placas fotovoltaicas. Medidores inteligentes permitem controlar melhor os padrões de consumo de eletricidade. E eletrodomésticos e equipamentos eletrônicos mais eficientes têm impacto significativo no consumo. Nos Estados Unidos, a substituição de lâmpadas incandescentes pelas fluorescentes pode gerar economia equivalente ao consumo de 60 milhões de lares. Substituí-las por LEDs, ainda mais eficientes, evitaria a construção de 40 novas usinas até 2030.
Nem todos os prédios dispõem dos recursos empregados pelo Empire State em seu retrofit (termo em inglês adotado para descrever a conversão de edificações em prédios mais modernos e sustentáveis), mas projetos novos podem empregar medidas relativamente simples que garantem economia energética e maior conforto para seus futuros ocupantes.
Primeiro pensa-se a forma do edifício, como se relaciona com o sol e com os ventos. Depois, vêm as estratégias específicas, como as aberturas para iluminação com sistemas de proteção solar, para no verão barrar o sol, e no inverno o sol entrar -- explica a professora da graduação em Arquitetura e Urbanismo da Unisinos, Patricia Nerbas. -- Essas soluções passivas dependem de bom projeto. A outra linha, dos prédios inteligentes, são sistemas, tecnologia, com células fotovoltaicas, aquecedores de água, geradores eólicos urbanos -- conclui.

Governo para acelerar:

Porto Alegre foi selecionada, neste mês, para integrar o Acelerador de Eficiência Energética em Construções (BEA), do programa Energia Sustentável para Todos, da ONU. Com a escolha, a Capital gaúcha passa a contar com o apoio de uma rede global de 30 instituições de pesquisa e especialistas para acelerar a transformação dos prédios públicos em construções sustentáveis, que disseminem na sociedade a cultura da eficiência energética.
A partir da adesão ao programa, Porto Alegre tem a meta de, até 2030, dobrar a taxa de eficiência energética em seus prédios municipais. A Capital havia se comprometido, em 2015, a adaptar todos os prédios públicos municipais para geração ou consumo de energia limpa e renovável até 2050.
Para a gerente de Governança urbana do WRI, Daniele Votto, a entrada da Capital para o programa da ONU vai muito além das mudanças estruturais que o acelerador pode proporcionar: é um discurso que tente a repercutir na iniciativa privada.
-- A prefeitura está passando uma mensagem pro resto da cidade, e precisamos que outros setores da sociedade façam também, para isso são necessárias as condições legais. É a primeira grande transformação, de cultura política. As cidades são as que recebem as obrigações desses grandes encontros, e não podem participar da tomada de decisão. Agora, as cidades passam a ser protagonistas -- afirma Daniele.
Segundo Patricia Nerbas, tornar a cidade mais sustentável e reduzir a demanda energética passa não só por adequações nos prédios, mas no plano diretor da cidade, diversificando os tipos de construções e negócios, de modo que as pessoas não precisem realizar grandes deslocamentos para cumprir atividades do cotidiano.
-- Uma outra questão que está sendo discutida mundialmente é o direito ao sol. Nos EUA e em países da Europa, a legislação está sendo modificada pra que o próprio edifício produza energia. Para isso precisamos de forma de ocupação que propicie. Não vou conseguir só na cobertura produzir energia para um prédio de 10 pavimentos, tem elevadores, bombeamento de água. Então, vamos precisar das fachadas, e para isso, é preciso que o sol chegue nesses lugares -- conclui a professora da Unisinos.

Na Capital, o que se observa é a construção de muitos edifícios totalmente envidraçados. A prevalência deste tipo de projeto, praticamente um padrão para torres comerciais, mostra que o senso estético e o senso de sustentabilidade ambiental ainda não andam de mãos dadas.

-- Esses prédios consomem muita energia para climatização. Porque, assim como ganham muito calor no verão, quando ocorre um verdadeiro efeito estufa dentro do edifício, perdem muito calor no inverno. E por serem edifícios bastante altos, consomem ainda mais energia com bombeamento água, vários elevadores -- explica Patricia.

Fonte: Albenir Querubini -
http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/caderno-rumo/pagina/eficiencia-energetica/

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