Micro quer ser grande:
Desde abril de 2012, quando a ANEEL publicou a norma para microgeração distribuída de energia elétrica, apenas 670 microcentrais geradoras foram instaladas no Brasil, sendo 631 de painéis solares fotovoltaicos (quase todas painéis solares em telhados). A lenta adesão levou a agência a abrir consulta pública para revisar as regras, com objetivo de atingir 500 mil a 700 mil unidades de microcentrais geradoras instaladas em dez anos.
Parece muito, mas não é. Só na Alemanha, nos últimos dez anos, foram instalados mais de 1,4 milhão de unidades de microgeração solar, com potencial instalado de 38 mil MW (mais de duas vezes o potencial da Hidrelétrica de Itaipu). Isso num país que no melhor local para geração de energia solar tem potencial abaixo de Santa Catarina, nossa região de menor potencial.
Entre as principais propostas para superar os entraves para rápida adoção da microgeração identificados nas audiências públicas promovidas pela ANEEL estão a isenção do ICMS na autogeração, a autorização de transferência e/ou comercialização dos excedentes de geração, a possibilidade de condomínio ou associação de produtores e a redução drástica do tempo para conectar a microgeração na rede (a instalação demora poucos dias, mas a conexão na rede em algumas distribuidoras supera um ano).
A adoção da microgeração em escala é uma tremenda oportunidade para o Brasil num momento de forte crise econômica, energética e política. A instalação dos painéis solares é muito rápida e não exige licenciamento e obras civis (e tão pouco empreiteiras). Entre a contratação e entrega são semanas, e não anos.
É uma enorme oportunidade de geração de trabalho e renda. Nos Estados Unidos, que instalaram 200 mil unidades em 2014, foram gerados 174 mil empregos diretos e quase 700 mil indiretos. Além disso, a formação de mão de obra é simples e rápida. Com um curso de dois dias, um eletricista é capaz de montar uma equipe de três pessoas para realizar instalações residenciais. Dependendo do sistemas de financiamento e incentivos, o retorno sobre investimento pode cair dos atuais sete para três anos.
O estímulo à implantação da microgeração deve se dar especialmente para a população mais pobre e que mais sofre com a recente alta na conta de luz. A simples inclusão das unidades microgeradoras como equipamento básico nos projetos do Minha Casa Minha Vida já traria um beneficio imediato como mostra o bem-sucedido piloto realizado em um condomínio do programa em Juazeiro (BA), onde a geração fotovoltaica, instalada com mão de obra dos moradores, cobre todas as despesas de condomínio.
Que venha logo na nova regulamentação da ANEEL. É hora da microgeração se agigantar.
[Por Tasso Azevedo]
[Colaboração Adryel Sostenes]
Nenhum comentário:
Postar um comentário