Uma nova espécie de camarão do gênero Dendrocephalus – que engloba pequenos crustáceos que habitam pequenas poças sazonais de água doce – foi descoberta em Santa Vitória do Palmar, município do Rio Grande do Sul que fica cerca de 500 quilômetros de Porto Alegre. O camarão, batizado de Dendrocephalus riograndensis e popularmente conhecido como camarão-fada (ou artêmia de água doce), foi encontrado durante uma expedição do projeto Peixes Anuais dos Campos Sulinos, apoiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e realizado pelo Instituto Pró Pampa.
O artigo que descreve oficialmente a espécie foi publicado no jornal Naupliusem setembro deste ano. Segundo Matheus Volcan, vice-coordenador do Instituto Pró-Pampa e um dos autores do artigo, a descoberta ocorreu em novembro de 2015 durante a coleta de peixes anuais (que habitam brejos e poças de água doce que obrigatoriamente secam durante um período do ano). “Como a ocorrência do camarão-fada restringe-se a este ecossistema e apenas à região da coleta, ele já apresenta características para ser classificado como criticamente ameaçado”, comenta.
Acredita-se que a eclosão dos ovos da nova espécie descrita, que ficam em dormência durante o período de seca das poças, ocorra no início do período de alagamento, que começa no outono e permanece com água somente até o fim da primavera. “O camarão-fada é fundamental para a manutenção da cadeia alimentar destas áreas temporariamente alagadas, pois são predados por diversas espécies, entre elas os peixes anuais”, explica Volcan.
Os indivíduos da espécie vivem de dois a três meses e na fase adulta chegam a um tamanho médio de dois centímetros. Também apresentam dimorfismo, quando macho e fêmea têm características físicas distintas. Os machos têm apêndices na cabeça e a fêmeas, uma bolsa para geração de ovos. Diferentemente dos camarões comuns, os camarões-fada nadam de barriga para cima.
Para Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, a descoberta de novas espécies, mesmo de modo acidental, demonstra a necessidade de conhecermos melhor a biodiversidade do país. “Muitas espécies correm o risco de desaparecer sem jamais terem sido descritas ou sem que tenhamos o entendimento de seu papel e importância dentro do ambiente em que vivem”, comenta.
Fonte: Fundação Grupo Boticário
Fonte: Fundação Grupo Boticário
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